A OceanPact tem vivido um momento de crescimento e fortalecimento neste ano, com a conquista de recentes contratos no segmento de navegação. Como noticiamos, a empresa fechou acordos com a Petrobrás envolvendo o navio de apoio Ilha de Santana, além de ter também afretado três embarcações de resposta a emergências para a petroleira. Mas para além do afretamento de navios de apoio, a OceanPact tem investido em outras frentes de atuação, especialmente em inovação. Em entrevista ao Petronotícias, o diretor comercial da companhia, Erik Cunha, revela detalhes de uma nova solução digital desenvolvida para monitorar grandes extensões da costa brasileira em tempo real. Já utilizada nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, a tecnologia integra dados de radares de alta frequência, sensores oceanográficos, medições de vento e imagens satelitais. Assim, é possível realizar modelagens dinâmicas em tempo real em caso de um eventual vazamento de óleo. Cunha explica que a tecnologia pode ser aplicada futuramente na Margem Equatorial, após a Petrobrás conseguir o licenciamento ambiental para perfurar na Bacia da Foz do Amazonas. Inclusive, a OceanPact já realizou uma expedição ao Amapá para verificar possíveis locais onde as estações de monitoramento poderão ser instaladas. “Uma vez instaladas essas estações na Margem Equatorial, poderemos obter um amplo mapeamento em tempo real da região, incluindo dados como a presença de embarcações e aeronaves, bem como as condições de mar, vento e corrente, entre outros”, disse. “Essa é uma ferramenta que oferece um excelente suporte em caso de incidente e proporciona tranquilidade e segurança para o órgão ambiental acompanhar o que está acontecendo na região”, completou.
Para começar, poderia explicar aos nossos leitores como tem sido o foco de atuação da empresa no setor de óleo e gás?
A OceanPact é uma empresa que teve origem na área ambiental, oferecendo consultoria em planos de emergência ambiental. Essa é uma atividade que continuamos desempenhando e, hoje, somos responsáveis pela maioria dos estudos e planos de emergência da indústria de petróleo e gás.
Em determinado momento, a empresa expandiu suas atividades para incluir também a oferta de equipamentos. Começamos a fornecer resposta ambiental utilizando as tecnologias de contenção, recolhimento e armazenamento. Como resultado, a OceanPact se tornou a maior empresa de resposta a emergências offshore da América Latina, com um dos maiores inventários do mundo. Nossa base está localizada no Porto do Açu, uma infraestrutura fantástica que está pronta para responder a todos os níveis de emergência. A partir dessa base, atendemos às bacias de Campos, Espírito Santo e de Santos. Também estamos preparados para atender à Margem Equatorial assim que a Petrobrás obtiver o licenciamento ambiental para o projeto.
Posteriormente, expandimos nossa atuação para o setor de embarcações offshore, com foco em navios dedicados ao combate ao vazamento de óleo. A empresa continuou a evoluir e, atualmente, somos uma das maiores frotas de embarcações no Brasil, contando com 28 embarcações. Essa frota inclui barcos de combate a derramamento de óleo (OSRV), embarcações de logística (PSV), navios de manuseio de âncoras (AHTS) e barcos de pesquisa oceanográfica (RV). Além disso, estamos investindo em atividades subsea com nossa frota de nove navios do tipo ROV Support Vessel (RSV), especializados em operação de ROVs (remotely operated vehicle), dedicados à inspeção, reparo, manutenção, construção submarina e descomissionamento.
E quais são, especificamente, os planos da empresa para esse segmento subsea?
A empresa realizou uma oferta inicial de ações (IPO), em 2021, e a maior parte dos recursos dessa operação foi destinada ao investimento em barcos RSV. Adquirimos veículos de operação remota (ROVs) capazes de operar em até 3 mil metros de profundidade. Atualmente, possuímos nove ROVs e temos planos para expansão dessa frota. Observamos uma crescente demanda por parte da Petrobrás e de outros clientes por esse tipo de equipamento.
As questões relacionadas ao subsea estão ganhando cada vez mais importância dentro da OceanPact. Estamos realizando muitos serviços não apenas para a Petrobrás, mas também para operadores privados.
Existe outro foco de investimento dentro da OceanPact atualmente?
Um ponto muito importante dentro da companhia é a área de inovação. A OceanPact tem feito bastante investimento nesse sentido. Há pouco mais de três anos, lançamos uma embarcação autônoma – que hoje opera de forma remota e também como barco auxiliar do navio principal – para realizar resposta a emergências. Um fator importante em casos de vazamento de óleo é ter duas embarcações – uma para lançar a barreira e outra para puxá-la. Desenvolvemos esse barco para atuar sem tripulação, o que proporciona maior segurança para a operação. Agora, estamos aprimorando essa embarcação autônoma para realizar outros tipos de serviços também.
Além disso, desenvolvemos uma tecnologia chamada OceanPact Digital. O projeto envolveu a instalação de antenas de alta frequência ao longo da costa brasileira, capazes de varrer até 300 km de distância da costa e monitorar as correntes superficiais. Dentro desse modelo, criamos uma ferramenta que integra dados de radares de alta frequência, sensores oceanográficos, medições de vento e imagens satelitais. Com essa tecnologia, podemos realizar modelagens dinâmicas em tempo real em caso de vazamento de óleo. Essa solução está implantada para atendimento na Bacia de Campos, parte da Bacia de Santos e uma pequena parte da Bacia do Espírito Santo.
Para além dessas regiões, essa tecnologia poderá ser usada em novas fronteiras exploratórias?
Hoje nós temos uma solução já em funcionamento na Bacia de Campos que também pode ser utilizada na Margem Equatorial para monitorar e acelerar a resposta no caso de um incidente com óleo. Com isso, será possível monitorar em tempo real até 300 km da costa. Realizamos uma campanha na região do Amapá, onde uma equipe técnica, incluindo o presidente da companhia, Flávio Andrade, mapeou os potenciais locais para instalação de estações de monitoramento e antenas.
Uma vez instaladas essas estações na Margem Equatorial, poderemos obter um amplo mapeamento em tempo real da região, incluindo dados como a presença de embarcações e aeronaves, bem como as condições de mar, vento e corrente, entre outros. Além disso, é possível integrar o sistema aos radares e câmeras de detecção de óleo, que geralmente estão instalados em FPSOs ou sondas. Essa é uma ferramenta que oferece um excelente suporte em caso de incidente e proporciona tranquilidade e segurança para o órgão ambiental acompanhar o que está acontecendo na região.
[Nota da Redação: A Petrobrás está aguardando a licença ambiental do Ibama para o bloco FZA-M-059, na Bacia da Foz do Amazonas, dentro da Margem Equatorial, onde pretende perfurar um poço exploratório]
A empresa também tem olhado para oportunidades na transição energética?
A OceanPact tem se apresentado ao mercado como uma empresa de serviços no mar. A missão da companhia é ser reconhecida como referência em conhecimento e serviços no mar. Estudamos não só a parte de comportamento dos oceanos, mas temos uma unidade dedicada a geociências e operações submarinas. Além dos nove ROVs, possuímos os dois únicos barcos de pesquisa oceanográfica do Brasil (Ocean Stalwart e Seward Johnson). É o estado da arte para fazer levantamento de dados no mar.
Quando falamos de instalação de eólicas offshore, por exemplo, as empresas precisam conhecer dados sobre vento, assoalho oceânico, características oceânicas, etc. Nesse momento, a OceanPact possui um núcleo dedicado ao estudo sobre eólicas offshore. Então, já estamos trabalhando para alguns importantes clientes nessa transição. Estamos com uma unidade dentro da OceanPact hoje, a EnvironPact, que é uma subsidiária integral da OceanPact dedicada a licenciamento e estudos ambientais.
(Publicado em 24/04/2024)