Falhas críticas e uma evacuação forçada: a situação crítica da Petrobras que gerou um alerta urgente nas operações da Bacia de Campos.
Na última segunda-feira, 21 de abril de 2025, assim como publicou o CPG, a Petrobras enfrentou um grave incidente na plataforma PCH-1 (Cherne 1), localizada na Bacia de Campos, que resultou em uma evacuação total da unidade.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou a retirada imediata de todos os trabalhadores a bordo, após a identificação de falhas críticas nos sistemas de segurança da plataforma, incluindo uma explosão seguida de incêndio.
A decisão foi formalizada por meio do Ofício nº 328/2025, assinado pela Superintendência de Segurança Operacional da ANP no mesmo dia do acidente.
De acordo com o documento oficial da ANP, durante uma série de reuniões emergenciais realizadas logo após o ocorrido, foi revelado que a Petrobras não possuía informações essenciais sobre a situação de segurança a bordo da plataforma.
Às 16h15 do dia do acidente, ainda havia 117 pessoas a bordo da unidade, número que ultrapassava em mais de 100% o limite de 46 trabalhadores permitido nos procedimentos internos da empresa para casos de emergência na plataforma PCH-1.
Falta de plano de evacuação e falhas no sistema de segurança
A ANP destacou uma série de falhas graves nos protocolos de segurança adotados pela Petrobras, evidenciando uma possível negligência nas práticas operacionais da companhia.
Entre os problemas mais críticos apontados pela agência, estava a ausência de um plano efetivo de evacuação, o que impediu uma redução imediata do número de trabalhadores a bordo, situação que agrava qualquer incidente em plataformas offshore.
Outro ponto crucial identificado foi o desconhecimento da origem e localização do vazamento de gás, responsável pela explosão que danificou parte significativa da plataforma.

A falta de informações claras sobre a extensão e o controle do vazamento gerou uma grande preocupação sobre a possibilidade de novos incidentes no local, uma vez que a origem exata do rompimento ainda não havia sido identificada.
Além disso, a ANP constatou que a comunicação externa da plataforma foi severamente comprometida, com a queima de cabos elétricos e da fibra óptica, o que impossibilitou o contato eficiente com as autoridades e dificultou a coordenação das ações de emergência.
A agência também relatou a ausência de comprovação da operabilidade de sistemas críticos de segurança, como os sistemas de detecção de fogo e gás, os de combate a incêndio e a iluminação de emergência.
Possibilidade de novos acidentes e riscos à vida dos trabalhadores
Diante de um cenário de altos riscos, a ANP determinou que a Petrobras realizasse a evacuação completa da unidade até as 15h do dia 22 de abril, um dia após o incidente.
A companhia foi instruída a manter a atualização constante do número de Pessoas a Bordo (POB) a cada 4 horas, começando às 18h do dia 21.
Além disso, a ANP exigiu que a empresa informasse imediatamente qualquer novo ferido ou ocorrência relevante.
O não cumprimento das determinações da ANP pode sujeitar a Petrobras a penalidades previstas pela legislação vigente.
Sindicato denuncia condições de risco nas plataformas da Bacia de Campos
O Sindicato dos Petroleiros de Niterói e Região (Sindipetro-NF) aproveitou a ocasião para reforçar as denúncias de que o sucateamento das plataformas da Bacia de Campos coloca em risco a vida dos trabalhadores.
De acordo com o sindicato, o conteúdo do ofício da ANP confirma as alegações feitas pela entidade ao longo dos últimos anos, principalmente no que diz respeito à negligência da Petrobras em relação à manutenção das plataformas e aos protocolos de segurança.
A entidade também se posicionou a favor da criação de uma Comissão de Investigação do Acidente, com o objetivo de apurar as responsabilidades pela falha de segurança e pela falta de comunicação eficaz durante o incidente.
Além disso, o Sindipetro-NF afirmou que continuará a acompanhar de perto o caso, denunciando eventuais omissões e exigindo uma investigação transparente sobre os fatos ocorridos.

Ações da ANP e o impacto nas operações da Petrobras
As ações da ANP visam garantir a segurança das operações e a proteção dos trabalhadores nas plataformas offshore, que operam em um ambiente de grande risco devido à natureza do petróleo e gás.
O incidente com a plataforma PCH-1 traz à tona questionamentos sobre a manutenção preventiva das unidades de exploração de petróleo no Brasil, especialmente na Bacia de Campos, uma das regiões mais importantes para a produção nacional.
A Petrobras, por sua vez, emitiu uma nota oficial em que reafirma seu compromisso com a segurança e a integridade de seus colaboradores, além de afirmar que tomará todas as medidas necessárias para corrigir as falhas apontadas pela ANP.
A empresa também disse que está colaborando com as investigações e que, assim que possível, apresentará as conclusões dos procedimentos internos adotados após o acidente.
O futuro da segurança nas plataformas da Petrobras
Este incidente evidencia a urgência de uma revisão nos procedimentos de segurança das plataformas da Petrobras, especialmente em regiões de risco elevado como a Bacia de Campos.
A falta de um plano de evacuação adequado e as falhas nos sistemas críticos de segurança indicam uma necessidade urgente de melhorias na infraestrutura das unidades de produção de petróleo e gás, a fim de evitar que tragédias como essa se repitam.
A ANP, por sua vez, tem intensificado as fiscalizações sobre as operadoras de petróleo no Brasil, adotando uma postura mais rigorosa no que diz respeito à segurança das instalações offshore.
A pressão sobre a Petrobras para cumprir as normas de segurança deve aumentar nos próximos meses, à medida que a agência reguladora acompanha mais de perto as condições operacionais da empresa.
O que esperar da investigação e das medidas corretivas?
Com a investigação em andamento, espera-se que a ANP e a Petrobras colaborem para esclarecer as causas do incidente e garantir que as plataformas da Bacia de Campos operem com a segurança adequada para os trabalhadores.
Será interessante observar também o impacto que esse episódio terá na imagem pública da Petrobras, principalmente no contexto de suas operações futuras e da confiança dos trabalhadores e da sociedade.
(Publicado em 24/04/2025)