Conheça mais a P-70

A P-70 opera no campo de Atapu, em lâmina d’água de 2.300 metros, com tecnologia de ponta e produção impressionante.

O FPSO P-70 é uma das maiores e mais modernas unidades flutuantes de produção de petróleo e gás do planeta. Operado pela Petrobras, ele está instalado no campo de Atapu, na Bacia de Santos, a cerca de 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e em lâmina d’água de 2.300 metros — um dos ambientes offshore mais desafiadores do mundo.

Dimensões e capacidades principais

A P-70 integra a série de plataformas “replicantes” desenvolvida pela Petrobras para padronizar projetos e acelerar o desenvolvimento do pré-sal. Isso permite ganhos de escala e economia de tempo e custos em engenharia, construção e operação.

  • Comprimento: 316 metros
  • Largura: 74 metros
  • Peso total estimado: 80 a 90 mil toneladas
  • Capacidade de produção: 150.000 barris de óleo por dia
  • Capacidade de processamento de gás: 6 milhões de m³ por dia
  • Capacidade de armazenamento: cerca de 1,6 milhão de barris de petróleo

A unidade opera com previsão de até oito poços produtores e oito injetores, embora tenha alcançado sua capacidade plena usando apenas quatro poços — um indicador direto da elevada produtividade dos reservatórios de Atapu.

Principais sistemas de engenharia a bordo

Módulos de processamento (topside)

O convés superior concentra diversos módulos integrados de processo, responsáveis por:

  • Separação de óleo, gás e água produzida;
  • Tratamento do óleo para atender especificações de exportação;
  • Compressão e tratamento do gás natural;
  • Sistema de queima de gás em flare de emergência.

Os módulos foram fabricados e integrados na China (estaleiros Cosco e COOEC) antes do transporte ao Brasil, em uma operação de dry tow sobre um navio semi-submersível.

⚓ Sistema de ancoragem e posicionamento

A P-70 utiliza um sistema de ancoragem por linhas de aço e poliéster, dispostas em configuração espalhada (spread mooring).

Esse tipo de ancoragem é fixo e permite que a unidade mantenha posição estável mesmo sob correntes, ventos e ondas intensas, condição essencial para operações em águas ultraprofundas.

Sistema de reinjeção e controle de reservatório

Para manter a pressão dos reservatórios e melhorar a recuperação de petróleo, a P-70 possui:

  • Bombas de alta pressão para injeção de água no reservatório;
  • Compressores para reinjeção de gás excedente;
  • Malha de umbilicais submarinos que fornecem energia, produtos químicos e controle aos poços no leito marinho.

⚙️ Automação e segurança operacional

O FPSO opera com um sistema de controle distribuído (DCS/SCADA) que monitora em tempo real mais de 10 mil pontos de processo.

Há também sistemas redundantes de detecção de gases e incêndio, isolamento de áreas críticas, válvulas de emergência, evacuação e combate a incêndio, conforme exigências da Marinha do Brasil e do IBAMA.

Comparação com outros FPSOs do pré-sal

A P-70 é parte da mesma “família” de unidades replicantes como as P-66, P-67, P-68, P-74, P-75 e P-76, mas ela se destaca por sua produtividade inicial e pelo campo altamente promissor onde opera:

Unidade Campo Capacidade (barris/dia) Início de operação
P-66 Lula Sul 150.000 2017
P-67 Lula Norte 150.000 2019
P-68 Berbigão/Sururu 150.000 2019
P-74 Búzios 150.000 2018
P-75 Búzios 150.000 2018
P-76 Búzios 150.000 2019
P-70 Atapu 150.000 2020

Mesmo com a mesma capacidade nominal das demais, a P-70 chamou atenção por atingir rapidamente esse patamar usando apenas quatro poços, enquanto as outras normalmente precisaram de seis ou mais.

Licenciamento e operação ambiental

A licença de operação da P-70 foi emitida pelo IBAMA em junho de 2020, sob o número 1574/2020, após aprovação do Estudo de Impacto Ambiental do Polo Pré-sal da Bacia de Santos – Etapa 3.

Entre as principais exigências ambientais, destacam-se:

  • Monitoramento contínuo de água do mar, fauna e resíduos;
  • Sistemas de contenção e tratamento de óleo e água produzida;
  • Plano de resposta a emergências ambientais e vazamentos.

A operação também gera recursos expressivos para estados e municípios por meio de royalties e participações especiais.

Importância estratégica e perspectivas

A P-70 consolida a posição do Brasil entre os maiores produtores offshore do mundo. O sucesso de seu projeto reforça três pontos estratégicos para a Petrobras:

  1. Domínio tecnológico em águas ultraprofundas, área em que o país é referência mundial.
  2. Padronização e ganho de escala, que reduzem custos e riscos.
  3. Aumento de produção e exportações, fortalecendo a balança comercial brasileira e a arrecadação de estados e municípios.

Nos próximos anos, com a completa interligação de todos os poços e possível expansão de sistemas submarinos, a expectativa é que a P-70 mantenha taxas de produção elevadas e permaneça como uma das plataformas mais rentáveis do portfólio da Petrobras.

 

Fonte: Gigante do pré-sal: plataforma P-70 da Petrobras mede 316 metros e produz 150 mil barris de petróleo por dia em alto-mar – CPG Click Petroleo e Gas

(Publicado em 18/09/2025)