Ferramenta inédita da Unicamp e Repsol Sinopec reduz incertezas, automatiza processos e transforma decisões em campos de petróleo e CCS
Uma ferramenta inédita desenvolvida no Brasil promete transformar a indústria do petróleo e da captura de carbono (CCS).
Trata-se do Flow2Seis, um software que conecta automaticamente dados de sísmica 4D com modelos de reservatórios. Pesquisadores do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (CEPETRO), da Unicamp, criaram a tecnologia com financiamento da Repsol Sinopec Brasil (RSB).
A equipe iniciou o projeto em agosto de 2022 e finalizou em abril de 2024, após validações com casos reais. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) acompanhou e regulamentou a iniciativa.
Por isso, os especialistas garantem que a nova ferramenta viabiliza a calibração precisa e rápida de modelos geológicos, melhorando decisões e reduzindo riscos nos campos de produção.
Tecnologia reduz incertezas e aumenta precisão em decisões
O Flow2Seis automatiza tarefas que antes exigiam longos processos manuais.
Assim, empresas conseguem comparar centenas de modelos geológicos em poucos minutos, com maior confiabilidade e menor margem de erro.
Segundo Alessandra Davólio, diretora associada do CEPETRO e coordenadora da pesquisa, a ferramenta “acelera decisões e aperfeiçoa a gestão dos reservatórios, tanto na extração de petróleo quanto na captura de carbono”.
Além disso, a inovação diminui incertezas sobre o comportamento do petróleo ao longo do tempo, o que se torna essencial para projetos de longo prazo.
Integração entre dados geológicos era desafio antigo
A conexão entre imagens sísmicas e modelos de reservatórios representava um dos maiores obstáculos técnicos da indústria.
Antes do Flow2Seis, engenheiros precisavam exportar dados e ajustá-los manualmente entre softwares distintos, o que gerava atrasos e dependência técnica.
Daiane Rossi Rosa, pesquisadora do Grupo UNISIM no CEPETRO, explica que “as informações vinham de origens diferentes e exigiam muito esforço para sincronização”.
No entanto, com a nova ferramenta, é possível gerar dados sintéticos de sísmica 4D a partir dos próprios modelos, com apoio de técnicas modernas de visualização computacional.
Dessa forma, o tempo de análise cai drasticamente, enquanto a precisão interpretativa aumenta de forma considerável.
Alinhamento estratégico com descarbonização e energias limpas
A criação do Flow2Seis reforça a estratégia da Repsol Sinopec Brasil de apoiar tecnologias limpas.
Conforme explica Leonildes Soares, gerente de P&D da empresa, a RSB direciona mais da metade de seus recursos para inovação em baixo carbono e energias renováveis.
“Acreditamos que só a tecnologia pode garantir um futuro energético sustentável”, reforça Soares.
Além disso, esse posicionamento está alinhado aos compromissos internacionais de transição energética e à busca constante por soluções que equilibrem produção e preservação ambiental.
Desenvolvimento conjunto com empresa nacional de tecnologia
A empresa DeepSoft desenvolveu o sistema em colaboração direta com os pesquisadores da Unicamp.
Para Marcos Pilato Jr., CEO da DeepSoft, “transformar as ideias acadêmicas em uma solução prática e acessível foi nosso principal desafio”.
Assim, o Flow2Seis representa um avanço relevante, pois integra geologia, geofísica, petrofísica e computação em uma plataforma única.
Consequentemente, o setor passa a contar com uma solução de alto desempenho, capaz de oferecer eficiência e interoperabilidade inéditas.
Disponível para empresas e centros de pesquisa
Empresas de energia e instituições de pesquisa já podem adquirir o Flow2Seis por meio da DeepSoft.
Segundo Alessandra Davólio, a equipe do CEPETRO pretende aplicar a ferramenta em novos projetos ainda neste ano.
Com isso, a expectativa é que o software estimule a digitalização da indústria energética brasileira e valorize ainda mais a produção científica nacional.
Potencial de transformação tecnológica e econômica
O impacto do Flow2Seis ultrapassa os limites da pesquisa universitária.
Ao automatizar análises e encurtar decisões, a ferramenta reduz custos operacionais e acelera processos em campo, o que representa ganhos diretos.
Além disso, o sistema abre espaço para monitoramentos ambientais mais eficazes. Também permite planejar estratégias de injeção de CO₂ e recuperar campos maduros com maior controle.
Dessa maneira, o projeto demonstra como a ciência nacional pode gerar soluções estratégicas para o futuro do setor de energia.
Você acredita que soluções tecnológicas como o Flow2Seis podem colocar o Brasil na liderança da transição energética global?
(Publicado em 22/07/2025)