Com capacidade para abastecer 8 milhões de residências, a maior usina termelétrica a gás natural da América Latina, a GNA II, iniciou suas operações em 2025, marcando um novo capítulo na segurança energética nacional.
De acordo com comunicados oficiais da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a UTE GNA II iniciou sua operação comercial em junho de 2025, consolidando-se como a maior usina termelétrica a gás natural da América Latina e um marco na infraestrutura energética brasileira. Localizada no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), a usina representa um investimento bilionário que visa fortalecer a matriz elétrica do país, especialmente em um cenário de crescentes desafios climáticos.
O projeto, que integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), é uma peça-chave para aumentar a segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN). A entrada em operação da maior usina termelétrica a gás natural da América Latina não apenas impulsiona a economia com a geração de empregos e atração de investimentos, mas também desempenha um papel estratégico na transição para uma matriz energética mais diversificada e menos dependente das hidrelétricas.
O que é e qual a capacidade da maior usina termelétrica a gás natural da América Latina?

A UTE GNA II é uma usina que gera eletricidade a partir da queima de gás natural. Ela opera em “ciclo combinado”, uma tecnologia de alta eficiência que aproveita o calor residual das turbinas a gás para gerar vapor e acionar uma turbina adicional, produzindo mais energia sem consumir mais combustível.
Seus números são impressionantes. A usina tem uma capacidade instalada de 1.673 megawatts (MW), o suficiente para abastecer cerca de 8 milhões de residências. Essa capacidade equivale à demanda somada dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Combinada com sua usina-irmã, a GNA I (que opera desde 2021), o complexo se torna o maior parque termelétrico a gás do continente, com um total de 3 GW de capacidade, o que o qualifica como a maior usina termelétrica a gás natural da América Latina.
As gigantes por trás do projeto: quem são as empresas envolvidas?

A construção e operação da maior usina termelétrica a gás natural da América Latina são fruto de uma joint venture chamada GNA (Gás Natural Açu), que reúne gigantes do setor de energia e infraestrutura.
Prumo Logística: controladora do Porto do Açu, é uma das principais acionistas.
BP (British Petroleum): a gigante britânica de energia detém uma participação de 33% no projeto.
Siemens Energy: além de acionista, foi a responsável pela construção e pelo fornecimento das turbinas, em um contrato de 1 bilhão de euros.
SPIC Brasil: subsidiária da estatal chinesa State Power Investment Corporation, que adquiriu 33% dos projetos em 2020.
O projeto também contou com um financiamento de R$ 2,4 bilhões do BNDES, aprovado em dezembro de 2022, e teve a Andrade Gutierrez como parceira nas obras civis.
A trajetória de um marco da engenharia: do projeto à operação
A jornada da maior usina termelétrica a gás natural da América Latina foi um processo de anos, marcado por planejamento complexo e grandes marcos de engenharia.
Janeiro de 2022: a pedra fundamental da usina foi lançada em um evento que contou com a presença do então presidente Jair Bolsonaro e do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Abril de 2023: o projeto atingiu um marco importante com a entrega da primeira das três turbinas a gás da Siemens.
O impacto econômico e social no Rio de Janeiro e no Brasil
O impacto da maior usina termelétrica a gás natural da América Latina vai além da geração de energia. Durante a fase de construção, o projeto gerou mais de 10 mil empregos, um impulso significativo para a economia do Norte Fluminense, uma região com altos índices de desemprego.
O investimento total na usina foi de R$ 7 bilhões, parte de um complexo que, somado ao terminal de GNL, ultrapassa os R$ 8 bilhões. Essa injeção de capital privado, com participação de empresas internacionais, reforça a confiança na infraestrutura energética do Brasil e fomenta a economia local e nacional.
O papel estratégico na transição energética do país
A maior usina termelétrica a gás natural da América Latina desempenha um papel crucial na transição energética brasileira. Em um país onde cerca de 60% da eletricidade vem de hidrelétricas, a dependência do regime de chuvas é um risco constante. Usinas termelétricas a gás, como a GNA II, oferecem uma fonte de energia firme e despachável, ou seja, que pode ser acionada rapidamente para garantir a estabilidade da rede em períodos de seca.
Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) da EPE, usinas a gás são essenciais para complementar a geração de fontes renováveis intermitentes, como a eólica e a solar. Ao substituir fontes mais poluentes, como o carvão e o óleo, a maior usina termelétrica a gás natural da América Latina contribui para uma matriz energética mais limpa e segura, ajudando o Brasil a avançar em direção a um futuro mais sustentável.
(Publicado em 22/07/2025)