Marinha e Petrobras: proteção no pré-sal

Marinha e Petrobras atuam juntas contra espionagem e sabotagens nas rotas submarinas do pré-sal, essencial para a segurança energética do Brasil.

Enquanto os olhos do mundo se voltam para a superfície, uma batalha silenciosa acontece nas profundezas do Atlântico Sul. A Marinha do Brasil e a Petrobras trabalham juntas todos os dias para proteger as estruturas submarinas que sustentam não apenas a produção de petróleo no pré-sal, mas também a segurança de dados estratégicos do país.

Essa vigilância constante ganhou ainda mais importância diante do aumento de riscos como espionagem, ataques cibernéticos e sabotagens.

Por que o pré-sal é alvo de espionagem?

A cooperação entre as duas instituições ganhou força nos últimos anos, justamente para evitar que essas ameaças invisíveis comprometam sistemas essenciais à economia e à soberania nacional.

O motivo é claro: por essas rotas submarinas passam quase 97% das comunicações digitais do país, incluindo internet, operações financeiras e informações sensíveis.

O pré-sal representa mais de 75% da produção nacional de petróleo e gás. Mas proteger essa riqueza vai muito além das plataformas visíveis.

Os verdadeiros alvos estão nos cabos de comunicação, oleodutos e sensores instalados a milhares de metros de profundidade.

Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT), qualquer falha ou ataque nessa malha pode causar um apagão digital: paralisação do sistema bancário, queda de satélites e interrupção de serviços essenciais.

E os ataques, cada vez mais sofisticados, não usam mísseis — são feitos por meio de sabotagens técnicas, invasões cibernéticas e espionagem industrial.

Marinha aposta em tecnologia de ponta para proteger as profundezas

Para enfrentar essas ameaças silenciosas, a Marinha do Brasil intensificou o uso de tecnologias avançadas.

Estão em operação Veículos Submarinos Autônomos (AUVs), estações fixas de monitoramento e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), que rastreia atividades no mar em tempo real.

“A proteção dessas infraestruturas não pode ser negligenciada. O impacto de um ataque pode paralisar desde o agronegócio até a coordenação de satélites”, alerta o contra-almirante Luiz Roberto Barcellos, especialista em defesa cibernética.

Parceria estratégica entre Marinha e Petrobras contra espionagem e ameaças híbridas

A Petrobras, com sua experiência em operações profundas, atua diretamente com a Marinha para reforçar a segurança das rotas submarinas.

O esforço conjunto inclui investimentos em inteligência de sinais (SIGINT), robótica, sensoriamento remoto e vigilância digital em tempo real.

A analista Fernanda Silva, do Instituto Igarapé, ressalta que essa é uma “segurança multidimensional que envolve ameaças físicas, cibernéticas e ambientais”.

Ou seja, a defesa do pré-sal não depende apenas de armamentos, mas também de inovação, cooperação e planejamento estratégico.

Com um potencial energético imenso, o pré-sal desperta o interesse de potências estrangeiras e empresas transnacionais. Segundo o pesquisador Leonardo Perin Vich, da Escola Superior de Guerra, “é essencial estabelecer parcerias para garantir a segurança das rotas submarinas que cruzam o Atlântico Sul”.

A espionagem em águas profundas é uma realidade que exige vigilância constante. Por isso, operações como as de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) são mobilizadas sempre que necessário, garantindo uma resposta rápida a qualquer ameaça à soberania nacional.

A proteção das riquezas no fundo do mar exige mais do que navios e submarinos.

O Brasil precisa de ciência, tecnologia de ponta e integração entre órgãos civis e militares. E, claro, de investimentos contínuos.

 

Fonte: Espionagem no fundo do mar? Marinha e Petrobras reforçam proteção do pré-sal contra ameaças invisíveis – CPG Click Petroleo e Gas

(Publicado em 10/07/2025)