A Petrobras pode estar perto de iniciar o simulado técnico pré-operacional na Foz do Amazonas. A petroleira solicitou à Ocyan, detentora do navio-sonda ODN II, que está parado em Belém aguardando o início da campanha na região, que se prepare para iniciar viagem para locação nos próximos dias.
Segundo uma fonte do alto escalão da petroleira, existe a expectativa de que a licença de operação do Centro de Recuperação e Despetrolização de Fauna (CRD) seja liberada até a sexta-feira (20). O início do simulado depende apenas da emissão deste documento pela Secretaria Estadual do Pará de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
O comunicado da Petrobras sobre a mobilização para a Foz do Amazonas foi enviado também às empresas de barcos, que aguardam a liberação da licença para seguir para a locação, e a outras companhias contratadas para integrar a campanha. O trabalho na Foz do Amazonas será apoiado por cinco PSVs, equipados com sistemas de contenção de óleo, três helicópteros e um avião de asa fixa, além do navio-sonda da Ocyan.
O simulado técnico pré-operacional será realizado na área do bloco FZA-M-59, onde a Petrobras planeja perfurar o primeiro poço exploratório dessa campanha. A viagem do navio-sonda ODN II até a locação na Foz do Amazonas consumirá cerca de dois dias.
Apesar da sinalização de liberação da licença do CRD e da intenção da Petrobras de agilizar o início dos trabalhos na área, por enquanto ainda não há data definida para o início do simulado técnico pré-operacional. Ainda que a petroleira tenha interesse de começar o trabalho em janeiro, a operação só poderá ser deflagrada depois que o Ibama mobilizar a equipe interna que ficará responsável por fiscalizar a campanha.
O simulado pré-operacional deverá se estender por cerca de três dias. Após a realização desta campanha, o Ibama avaliará a efetividade do plano de emergência individual (PEI) da Petrobras para a região, o que será determinante para definir o futuro da liberação da licença de perfuração da Petrobras na Foz do Amazonas.
Cumprida essa etapa do simulado, o Ibama terá a prerrogativa de liberar a licença de imediato ou solicitar que a Petrobras cumpra novas exigências para perfurar na Foz do Amazonas.
A instalação do CRD pela Petrobras em Belém atende a um pré-requisito inédito do Ibama nos processos de licenciamento de perfuração no país. O centro funcionará como uma espécie de hospital de atendimento a aves e peixes, caso haja algum derrame de petróleo durante a campanha de perfuração.
A Petrobras aguarda pela liberação da LO do centro de fauna desde 18 de dezembro, quando todos os equipamentos da campanha foram mobilizados para a região, entrando em contrato. A espera pela autorização impôs um gasto de cerca de R$ 65 milhões à petroleira.
Conforme informado pelo PetróleoHoje, a Petrobras tentou fazer vários contatos com o governo do Pará e a Semas durante o mês de dezembro, mas não foi atendida, mesmo com o centro de reabilitação de fauna pronto. O pré-requisito de construção de um centro de fauna foi exigido no processo de licenciamento da TotalEnergies e a BP, na Foz do Amazonas, mas diante das dificuldades enfrentadas as duas petroleiras optaram por devolver os ativos que operavam na região.
Há quase dez anos, a indústria tenta, sem sucesso, licenciar a perfuração de blocos na Foz do Amazonas. A projeção original da Petrobras era de que o simulado técnico pré-operacional e a perfuração do primeiro poço do bloco ocorressem ainda em 2022.