PRIO assume Peregrino

Em uma transação de até US$ 3,5 bilhões, a brasileira PRIO comprou a fatia da norueguesa Equinor e assumiu 100% do controle do campo de petróleo de Peregrino, consolidando-se como a maior produtora independente do Brasil.

Em um dos negócios mais importantes do setor de energia da América do Sul, a petroleira brasileira PRIO finalizou a compra da participação de 60% da norueguesa Equinor no campo de petróleo de Peregrino. A transação, anunciada em 2 de maio de 2025, pode chegar a US$ 3,5 bilhões e representa um movimento transformador para a PRIO.

A compra, que já havia começado com a aquisição de 40% da chinesa Sinochem em 2024, dá à PRIO o controle total de um dos maiores campos produtores da Bacia de Campos. Para a empresa brasileira, é a chance de aplicar sua fórmula de sucesso em um ativo de classe mundial. Para a Equinor, é um pivô estratégico para focar em novos projetos no Brasil.

A venda estratégica: Por que a norueguesa Equinor vendeu seu maior campo no Brasil?

A decisão da Equinor de vender sua participação no campo de petróleo, seu maior campo operado fora da Noruega, faz parte de uma estratégia global. A empresa está otimizando seu portfólio, vendendo ativos maduros para liberar capital e investir em projetos de maior crescimento.

O Brasil continua sendo uma área central para a Equinor. Os recursos da venda serão redirecionados para projetos de nova geração no país, como os campos de Bacalhau e o projeto de gás Raia. A meta da empresa é quase dobrar sua produção no Brasil, chegando perto de 200.000 barris por dia até 2030.

Um negócio de US$ 3,5 bilhões: Os detalhes da compra de Peregrino

O negócio de US$ 3,5 bilhões: a PRIO assumiu 100% do campo de petróleo na Bacia de Campos e virou a nova gigante do setor

O acordo de compra do campo de petróleo foi complexo e financeiramente sofisticado. A PRIO concordou em pagar um valor base de US$ 3,35 bilhões pela fatia de 60% da Equinor. Um valor adicional de até US$ 150 milhões pode ser pago em juros, dependendo do tempo até a conclusão final do negócio.

A jogada mais inteligente da PRIO foi a estrutura do acordo. A data efetiva da transação foi definida como 1º de janeiro de 2024. Isso significa que todo o fluxo de caixa gerado pelo campo desde essa data pertence economicamente à PRIO e será descontado do preço final a ser pago, fazendo com que o próprio ativo se “autofinancie” parcialmente.

O gigante da Bacia de Campos: O que é o campo de petróleo de Peregrino?

O campo de Peregrino está localizado a 85 km da costa do Rio de Janeiro, na Bacia de Campos. É importante destacar que se trata de um campo de óleo pesado na formação pós-sal, e não no pré-sal. Descoberto em 2004, ele iniciou a produção em 2011 e tem capacidade para produzir 110.000 barris de óleo por dia.

Recentemente, a própria Equinor finalizou um grande projeto de revitalização de US$ 3 bilhões no campo, chamado “Peregrino Fase 2”. Esse investimento, que incluiu a instalação de uma nova plataforma, estendeu a vida útil do ativo até 2040 e adicionou cerca de 300 milhões de barris às suas reservas.

A “fórmula PRIO”: Como a empresa pretende transformar o campo de petróleo

O negócio de US$ 3,5 bilhões: a PRIO assumiu 100% do campo de petróleo na Bacia de Campos e virou a nova gigante do setor

A grande tese de investimento da PRIO é assumir a operação do campo para aplicar seu modelo de gestão focado em eficiência. A empresa tem uma meta ambiciosa: reduzir os custos operacionais anuais de Peregrino de US$ 550 milhões para cerca de US$ 260 milhões, uma queda de quase 50%.

Com a aquisição, a PRIO adicionará cerca de 60.000 barris por dia à sua produção, um aumento de 66%, e incorporará 202 milhões de barris de reservas. O sucesso da operação transformará a PRIO em uma verdadeira “máquina de dividendos”, segundo analistas.

A aprovação regulatória e o futuro de Peregrino

A conclusão final do negócio depende da aprovação de órgãos reguladores brasileiros, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A expectativa é que todo o processo seja finalizado entre o final de 2025 e meados de 2026.

A reação do mercado à notícia foi extremamente positiva, com as ações da PRIO (PRIO3) subindo quase 8% no dia do anúncio. A compra consolida a PRIO como a maior produtora independente de petróleo e gás do Brasil e abre um novo capítulo na história de um dos mais importantes campos da Bacia de Campos.

 

Fonte: Em maio, a PRIO assumiu 100% o campo de petróleo na Bacia de Campos com nova compra de US$ 3,5 bilhões

(Publicado em 26/06/2025)