Renovável em momento desafiador

O início do ano mostra que os segmentos eólico e solar terão de enfrentar momentos desafiadores, após navegarem em uma maré de expansão considerável nos últimos anos. Os principais problemas que atormentam esses setores são os cortes de geração renovável, chamados no mercado de curtailment e constrained off, e o aumento das tarifas de importação para as células fotovoltaicas utilizadas em painéis solares.

Para lembrar, em novembro do ano passado, o governo federal anunciou a elevação da tarifa de importação de módulos fotovoltaicos de 9,6% para 25% a partir de julho. Segundo o Planalto, a ideia é incentivar a produção local e reduzir a dependência de fornecedores internacionais. Contudo, membros do setor criticam a decisão, alegando que a medida deixa o mercado de energia inseguro, pois o consumidor final será o mais afetado com o aumento dos valores. Além disso, há a preocupação de que a produção nacional não seja o bastante para atender a demanda

Para o CEO do Grupo EcoPower, Anderson Oliveira, a medida abre, de fato, uma janela de oportunidade para o crescimento da produção nacional. Segundo ele, isso depende, no entanto, de incentivos governamentais adequados, como políticas de crédito facilitado, redução de impostos sobre insumos e suporte à pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

A EcoPower vê essa possibilidade como positiva, desde que haja um esforço coordenado entre governo, indústria e associações de energia renovável. Internamente, estamos tomando algumas ações para mitigar o impacto, entre elas as parcerias com fornecedores nacionais para diversificar a cadeia de suprimentos; investimentos em inovação para otimizar a eficiência e o custo de instalação dos sistemas e desenvolvimento de soluções financeiras mais acessíveis, para facilitar o acesso à energia solar”, comentou.

O executivo chama a atenção ainda para o alerta da desaceleração temporária da adoção de energia solar, dificultando o cumprimento de metas de sustentabilidade e de diversificação da matriz energética. “Acredito que para reverter esse cenário, será mais do que necessário a implementação de mais políticas que incentivem a produção local e que facilitem o acesso a financiamentos sustentáveis. Só assim, o impacto será equilibrado no médio e longo prazo”, alerta Anderson.

Como noticiamos, a geração fotovoltaica no Brasil deve crescer em 13,2 GW no ano de 2025, segundo uma nova projeção apresentada pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). 

CORTES DE GERAÇÃO E BATALHA JUDICIAL

Em meio ao aumento das tarifas de importação, a geração renovável também enfrenta uma disputa em relação ao curtailment (redução deliberada da geração das renováveis para equilibrar a oferta e a demanda). Nesta semana, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin, suspendeu uma liminar, obtida no fim do ano passado, que determinava ressarcimento de geradores eólicos e solares pelos cortes de geração centralizada.

O pedido para a derrubada da liminar foi feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), representando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os geradores, por sua vez, já anunciaram que irão recorrer da decisão judicial, sinalizando uma disputa que deve se estender ao longo de 2025.

 

Fonte: GERAÇÃO RENOVÁVEL DO BRASIL VIVE MOMENTO DESAFIADOR EM MEIO A AUMENTO DE IMPOSTOS E CORTES DE GERAÇÃO | Petronotícias

(Publicado em 24/01/2025)