Projeto prevê início da produção em 2029 com FPSO dedicado e capacidade de até 50 mil barris por dia; empresa busca parceiro para viabilizar exploração do campo de Neon.
A Karoon Energy, petroleira australiana com presença no Brasil, anunciou que os investimentos previstos para o campo de Neon, localizado na Bacia de Santos, podem chegar a US$ 1,2 bilhão na primeira fase de desenvolvimento. A decisão final de investimento (FID) está programada para meados de 2026, enquanto a produção inicial de petróleo está estimada para começar no início de 2029.
O projeto entrou recentemente na fase de definição e envolve a instalação de um FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência). A taxa máxima de produção estimada é de 40 mil a 50 mil barris por dia, segundo comunicado da empresa à imprensa.
Primeira fase do campo de Neon mira até 70 milhões de barris
O desenvolvimento inicial terá foco em 60 a 70 milhões de barris (MMb) de um total de 108 MMb de recursos contingentes. Estão previstos quatro poços de produção submarinos e um poço para descarte de gás, além da infraestrutura submarina associada.
De acordo com a Karoon, uma segunda fase com poços adicionais poderá ocorrer futuramente, ampliando os volumes recuperáveis e estendendo a vida útil do campo de Neon até a década de 2040. A empresa também avalia a viabilidade de transformar Neon em um hub offshore, conectando-o a recursos de campos vizinhos, como Goiá, que já possui 27 MMb de recursos contingentes.
Karoon quer parceiro para dividir os custos
A companhia planeja atrair um parceiro para compartilhar os investimentos no campo. Uma sala de dados será aberta no terceiro trimestre de 2025, com o objetivo de viabilizar um farm-down de 30% a 50%, ou seja, a venda parcial da participação no ativo para outro operador do setor.
A Karoon confirmou que já há interessados no projeto, embora as negociações formais ainda não tenham começado. A expectativa é que, caso as condições econômicas e de mercado permaneçam favoráveis, o acordo de parceria e a decisão final de investimento sejam concretizados até o fim de 2026.
Investimento inicial de até US$ 10 milhões começa ainda em 2025
A petroleira adotou uma abordagem conservadora diante da atual volatilidade nos preços do petróleo e das incertezas no mercado global. Por isso, o compromisso inicial de investimento será feito de forma escalonada, com um aporte entre US$ 7 milhões e US$ 10 milhões ao longo dos próximos seis meses.
Esse valor será usado para atividades como:
- Estudos de engenharia para o FPSO e instalações de superfície
- Planejamento da campanha de perfuração
- Pesquisas e otimizações de layout
- Reavaliação econômica do projeto
Ao final dessa etapa, prevista para o terceiro trimestre de 2025, a empresa fará uma nova análise técnica e econômica antes de avançar para os próximos estágios do projeto Neon.
Investimento total em 2025 pode chegar a US$ 25 milhões
Somando os valores já gastos em 2025 — cerca de US$ 1 milhão em estudos conceituais —, a Karoon estima que o investimento total na fase de definição do campo de Neon ao longo deste ano poderá atingir até US$ 25 milhões.
Se todas as fases forem executadas conforme o cronograma, os custos totais de definição do projeto até o FID poderão alcançar US$ 30 milhões.
Segundo a companhia, o investimento é considerado viável com o preço do petróleo Brent na faixa de US$ 65 por barril (valor de referência para 2025). Nesse cenário, a primeira fase de desenvolvimento deverá se pagar em aproximadamente dois anos, a partir do início da produção.
Campo de Neon pode compensar declínio da produção em Baúna
Localizado no bloco SM-1037, a cerca de 75 km a nordeste do campo de Baúna, também operado pela Karoon na Bacia de Santos, o campo de Neon é estratégico para a manutenção da produção da empresa no Brasil.
Com o declínio natural da produção em Baúna, a empresa espera que o projeto Neon compense essa queda e aumente significativamente as reservas da Karoon a partir do FID. A conexão futura com outros campos descobertos na região também pode garantir maior eficiência operacional e diluição de custos logísticos.
FPSO no Brasil: centro da nova estratégia offshore da Karoon
O projeto prevê um FPSO dedicado exclusivamente ao campo de Neon, o que indica um modelo autônomo de produção. A escolha desse formato demonstra o avanço da empresa em consolidação de infraestrutura própria no Brasil, saindo de uma operação dependente de terceiros para uma estratégia mais integrada.
A fase de FEED (Front-End Engineering Design), que já começou, incluirá avaliações técnicas e econômicas para a contratação do FPSO, análise de fornecedores e estudo de logística offshore para garantir a viabilidade do modelo autônomo.
Cautela diante da volatilidade do petróleo
Apesar do otimismo com o potencial do campo, a Karoon destacou que adota uma postura cautelosa, especialmente por conta da instabilidade nos preços internacionais do petróleo e da necessidade de manter o equilíbrio financeiro da companhia.
“Estamos comprometidos com uma estratégia disciplinada de alocação de capital, garantindo que cada etapa do projeto Neon seja acompanhada de revisões técnicas e financeiras detalhadas”, informou a companhia.
(Publicado em 17/04/2025)